"Nosso inconsciente tem uma forte inclinação ao funcionamento grandioso, onipotente, controlador de tudo e de todos. Em função disso, criamos expectativas. Idealizamos como deveríamos ser. Esperamos que os outros sejam o que queremos que sejam. Buscamos uma vida platonicamente perfeita. Entretanto, como não existe "a Vida" e, sim, minha vida, ou melhor dizendo, a vida possível em mim, sempre vemos nossas expectativas frustradas, e essa frustração apresenta-se como uma contrariedade, desconforto, incomodidade física ou emocional.
(...)
É importante que se saiba que o-que-fizemos representou o-que-de-melhor-nos-foi-possível-fazer naquele dado momento. Por outro lado, no próximo fazer, toda a experiência adquirida com os atos e seus resultados nos permitirá a escolha de um novo e diferente fazer, se assim o quisermos e nos arriscarmos. No entanto, os resultados de nossos fazeres somente em parte dependem de nossa atenção amorosa com nossa própria vida. O resto é acaso, caos; os outros; a imensidão da existência de todo o universo para além da possibilidade de nossa intervenção."
(Denise Aerts/Christiane Ganzo. In: A vida como ela é para cada um de nós, p.88-89.)